Existem muitos verbos que causam dúvidas constantes entre nós! Aprender a conjugação correta deles é um martírio para alguns! Se fosse pelo menos um ou dois verbos...era só apelar para a decoreba e pronto!
Mas não vamos nos desgastar com esse assunto e fazer disso um sofrimento. Afinal, depois que nós entendemos fica fácil, fácil! E quando isso acontece, nós ficamos mais confiantes, pois escrevemos com maior facilidade e falamos sem nos sentir intimidados. Além disso, temos embasamento gramatical, caso sejamos questionados a respeito do uso de um determinado verbo.
Absorver e absolver
Por serem muito parecidos, esses verbos comumente causam dúvidas. Muitos quando querem o sentido de absorver dizem absolver e vice-versa, pois parecem que exprimem o mesmo significado.
Mas isso não é verdade! Basta lembrar-se de um réu ao receber um julgamento que o considerou livre de culpa: O réu foi absorvido? Só se fosse em filme de ficção científica, pois o réu é absolvido.
Independente de crença, um exemplo interessante está na figura de Jesus, podemos dizer que primeiro Ele absorveu os pecados de todos em si mesmo e depois absolveu-nos da culpa!
Este exemplo é muito bom, pois considera os dois verbos em seus verdadeiros sentidos: absorveu (consumiu) e absolveu (perdoou).
Então:
Use absolver quando quiser o significado de inocente, perdoado, desculpado.
Use absorver quando quiser o significado de consumir, esgotar, sorver.
Veja alguns exemplos:
a) Vocês absorvem todas as minhas energias crianças!
b) O júri absolveu o réu da suspeita de crime!
c) Este pano é ótimo, absorve tudo!
d) Decidimos absolver-nos do que desejamos para nós mesmos!
Curiosidade: É do verbo absorver que vem o nome “absorvente”, o protetor íntimo que a mulher usa no período menstrual.
Haja ou aja?
Haja paciência!
Ou seria:
Aja paciência!
Se você tivesse que escrever essa oração tão escutada no cotidiano, ficaria em dúvidas?
Se a resposta for sim, é completamente aceitável, já que a maioria das pessoas teria sim seus questionamentos a respeito.
Mas vejamos: É necessário que você aja rápido e decida qual usar!
Pois não quero que haja nenhum tipo de reclamação depois!
E dessa forma, percebeu a diferença?
“Aja” é a flexão do verbo “agir” conjugado na 1ª ou 3ª pessoa do singular do presente do subjuntivo ou do imperativo afirmativo (aja ele). Pode ser substituída por “atuar”, “proceder”.
Veja: Aja de maneira civilizada com aquele homem. (proceda)
É bom que você aja com naturalidade. (atue, proceda)
Não quero que aja com desrespeito à autoridade. (proceda)
“Haja” é a flexão do verbo haver na 1ª e 3ª pessoa do singular do presente do subjuntivo ou do imperativo afirmativo ou negativo (haja você, não haja você). Pode ser substituída por: acontecer, existir, ocorrer, ter.
Observe: Haja o que houver, estaremos juntos nessa batalha. (Ocorra, aconteça).
Queremos que haja harmonia entre nós. (exista, tenha)
“Haja luz, e houve luz”. (Tenha)
Retomando a dúvida inicial “Haja paciência” Ou “Aja paciência”, temos certo:
Haja paciência! Ou seja, Tenha paciência!
Agora, se fosse “Aja com paciência” seria dessa forma, pois significaria: “Proceda com paciência”.
Lembre-se de que “haja (hajam) vista” não varia e, portanto, permanece no feminino: Fiquemos de cabeça erguida, haja (hajam) vista tantos problemas que já superamos. Jamais escreva “haja visto”.
Falta ou faltam?
É muito comum a dúvida que surge quando o verbo é “faltar”. Não sabemos se o deixamos no singular ou no plural!
Às vezes falamos: Falta dez dias para a Copa. E às vezes dizemos: Faltam dez dias para a Copa.
Ou ainda: Falta observar dois pontos ou Faltam observar dois pontos.
Mas afinal, quando colocar no singular e quando colocar no plural?
Lembre-se do seguinte: O verbo “faltar”, como a maioria, terá um sujeito. A concordância verbal estabelece que o verbo deve concordar com o seu sujeito. E este caso NÃO é uma exceção à regra.
Portanto, sempre que ficar em dúvidas, observe quem é o sujeito da frase e a flexão do mesmo.
De acordo com a explicação e tomando como exemplos as orações especificadas acima, teremos:
a) Faltam dez dias para a Copa e
b) Falta observar dois pontos.
Você pode estar se indagando por que na segunda oração o verbo ficou no singular, já que são “dois pontos”. Mas observe o seguinte. “Falta” não se refere aos dois pontos mais sim a “observar”, ou seja, o que falta é observar e não “dois pontos”!
Veja outros exemplos:
1. Queria ir nessa semana, mas faltam alguns dias para minhas férias.
2. Depois das eleições realizadas, falta apurar somente duas urnas.
3. Nós vamos ao cinema, só falta comprar os ingressos.
4. Faltam duas horas para irmos embora.
5. Faltam dois dias para o fim de semana.
O verbo dar e as horas
Observe:
Foram embora assim que deu duas horas da tarde.
Ex: Foram embora assim que deram duas horas da tarde.
Qual das duas
orações está correta?
Pode parecer estranho, mas é a segunda
oração que está certa de acordo com a norma culta da língua.
Quando os verbos dar, bater, soar, restar, faltar e ser referem-se às horas devem concordar com o sujeito da frase, o qual normalmente é: hora(s), minutos(s), segundo(s), badalada(s), sino(s), relógio(s). Vejamos:
a) O
relógio deu duas horas.
b)
Restam cinco minutos para acabar o tempo.
c)
Falta um minuto para as seis da tarde.
d) O
sino bateu doze badaladas.
e)
Soaram duas horas no relógio. Vamos embora! (neste caso, o verbo está concordando com o numeral duas horas = soaram)
Neste último caso, o verbo soar está concordando com o numeral que está indicando as horas, assim como o verbo ser em: São três horas da tarde. Diferentemente, se o sujeito for o que está marcando as horas, o verbo concordará com o mesmo.
Importante: Não dizemos meio-dia e meio, mas sim meio-dia e meia, pois “meia” está relacionada à hora: meia hora.
Fonte: Equipe Brasil Escola